Ilha dos
amores
Pegou a mala. Chamou um
táxi e se dirigiu para o aeroporto. Queria sumir por uns dias. Conseguira ainda
uma passagem para uma ilha. O nome a intrigou. Chamava-se ilha dos amores.
Esperava que algo de especial a acontecesse. Algumas horas de viagem e ela já estaria longe de tudo
e de todos. Ansiava por rostos novos, paisagem nova, novos ares e sabe-se lá
Deus o que mais. Não avisara a ninguém. Queria mesmo era viver algo novo.
Letícia chegou à ilha por
volta das quinze horas da tarde. Hospedou-se em um hotelzinho aconchegante.
Todo trabalhado na madeira, com alpendre com duas ou três redes armadas. Uma
delas estava ocupada. Alguém nela aproveitava o zéfiro que passava. Procurou
não fazer muito barulho para não atrapalhar, seja lá quem estivesse ali.
Atravessou o alpendre, acompanhada de um gentil senhor que levava sua mala e
mostrava-lhe o caminho do quarto, que ela ficaria por quantos dias
desejasse. Mal sabia ela que aquele
lugar a faria tão bem, mas que guardava surpresas que faria qualquer um
duvidar.
A moça de cabelos
castanhos e olhar tão doce quanto mel, também puderam seus olhos eram da cor de
mel, passou pela encantadora sala do hotelzinho olhando os mínimos detalhes
daquele ambiente que durante alguns dias seria sua morada. Havia duas poltronas
em volta de uma mesinha com um belíssimo jarro de rosas vermelhas e brancas.
Algumas revistas e um jornal local. Uma pequena recepção onde se encontrava uma
senhora de aparência amigável e encantadora. Sob o teto um lustre que condizia
com o ambiente. Dois belíssimos quadros, em um deles havia a gravura de um
cavalo. O mais belo que já vira. No outro, a imagem de um campo que dava para
uma floresta, por sinal bela floresta. E mais a frente uma escada de madeira
que dava para os quartos e um pouco ao lado da escada uma portinha que
provavelmente levava ao refeitório.
Letícia analisava tudo
com um sorriso enorme estampado no rosto. Ainda parada esperava a chave de seu
quarto que o gentil senhor havia ido pegar na recepção. Estava tão embriagada
de felicidade que não ouviu quando o senhor a chamou para irem ao quarto. Ele
aproximou-se da moça e tocou-lhe o braço chamando-a novamente. Ela desculpa-se
e o segue. Percorre um corredor repleto de portas com uma enumeração para
identificá-los. Eis que chegam ao quarto da moça. O quarto de número 13. A
princípio não gostou muito do número. Lembrou-se da superstição em relação ao
número. Mas certa vez ouvira que de duas uma; ou dava sorte ou azar. Preferiu
ela crer que tal número a traria muito sorte, então não objetou contra o quarto
e entrou com muito gosto. Nada poderia tirá-la daquele estado de puro deleite
nem mesmo uma superstiçãozinha qualquer. O quarto era o mais simples e mais
lindo e aconchegante que já entrara. Analisou-o por um momento e pôs logo a se
jogar na cama sem tempo nem mesmo de esperar o senhor a sair.
No rosto do gentil senhor
brotou um risinho de satisfação e de seus lábios saíram algumas palavrinhas.
– Irá gostar ainda mais,
moça! Boa estadia. Precisando, estou às ordens.
– Não tenho dúvidas, Sr.
...?
– Óh, perdão! José. Chamo-me
José.
– Muito prazer, senhor
José. Chamo-me Letícia.
– És a alegria em pessoa.
– Como?!
– O significado do seu
nome condiz com a pessoa que és.
– Ah sim! Obrigada. Muito
gentil de sua parte.
.
.
.
Continua...
Quer mais?
A.R.MORAES
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