sábado, 12 de novembro de 2011

Há tanto o que escrever



Tenho tanto o que escrever que já nem sei por onde começar. Escrever é a única forma de me despersonalizar. Antes de começar a mover a ponta dos dedos pelo teclado sinto-me cheia, cheia de historias, cheia de personagens, que ficam pulsando no meu peito, ansiosas por vir ao mundo; por vir às folhas. Querem ter sua própria vida. As letras são o único modo de dar corpo às historias, aos personagens. Chego a ficar ofegante e quero escrever tudo de uma única vez, tarefa difícil, pois não é o mesmo que falar... Tenho tanto o que escrever, tenho o tanto que viver e é na escrita que vivo, é na escrita que ponho tudo que está aqui dentro para fora. As saudades, as tristeza, os sonhos... Ah! Os sonhos... O que seria de mim sem eles? O que seria de mim sem as palavras? Chega a ser impressionantemente assustador a capacidade de uma pequena letrinha se unindo a outra formando um corpo, um belo corpo. Corpo não só porque se vê o exterior, mas também pelo interior de cada palavra formada, o segredo que cada uma esconde e que só aquele que a admira e usa sabe encontrá-lo. O significado. Sim! o significado que cada uma carrega. O significado atribuído. Antes da forma o segredo. Antes da forma o sentido. Ah! Letra, letra, letra... Exemplo perfeito de que a união é forte. É belo. Sim! muito belo o formato que vai assumindo.  
Paro e olho o formato que já assumiu. Percebo que ate então era só um emaranhado de letras soltas em meu peito pulsante e agora vai assumindo seu formato; vão tendo sua própria vida. Fico a olhá-las. É como um tecer, é como construir um crochê, vai-se unindo os pequenos pontinhos e quando se dá por si tem-se uma bela toalha toda trabalhada com maior carinho e amor de quem a sabe fazer. Então você olha e se regozija com seu trabalho. Percebe que acabou de dá luz, percebe que acabou de dá vida, e então ousa se assemelhar a Deus, pois foi capaz de criar. Talvez seja isso mesmo que signifique imagem e semelhança. Então você fica contente e quer mais e mais e quando percebe já não tem freios, já não consegue parar. Por isso torna-se a sua vida, porque percebe que é isso que sabe fazer. Porque é isso que quer fazer, dá vida, liberar as criaturas desconhecidas que se encontram dentro do teu peito. Percebe que é na escrita que até o imperfeito é perfeito e isso é maravilhoso. Havia tanto o que escrever, mas preferi escrever sobre o escrever. Há ainda tanto o que escrever; tanto o que viver!

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