Eu e o Vento
O vento sopra meu rosto, lembrando-me a solidão.
Chega a zombar, diz que só a ela tenho.
Ingrato o chamo – como podes maltratar-me, eu que
tanto o amo?
Ele zangado sopra mais forte. Diz que ingrata sou eu
Que ao menos a ela tenho.
Mas e ele? Também o tenho. És o único que vem meu
cabelo cheirar.
Balança-o e faz meu corpo arrepiar.
Sopra meu rosto, às vezes bravo, às vezes manso.
Quando bravo, é ciúmes.
Quando manso, é amante.
Como podes ora ser um, ora ser outro?
Quando se ama não é só mansidão?
Vejo que a esse assunto nada compreendo.
Só compreendo a minha velha companheira, a solidão.
Ela que arrasa, mas que a mim também consola. E o
vento mais uma vez vem e me diz:
Ao menos a ela tem.
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