segunda-feira, 21 de maio de 2012


Eu e o Vento


O vento sopra meu rosto, lembrando-me a solidão.
Chega a zombar, diz que só a ela tenho.
Ingrato o chamo – como podes maltratar-me, eu que tanto o amo?

Ele zangado sopra mais forte. Diz que ingrata sou eu
Que ao menos a ela tenho.
Mas e ele? Também o tenho. És o único que vem meu cabelo cheirar.
Balança-o e faz meu corpo arrepiar.

Sopra meu rosto, às vezes bravo, às vezes manso.
Quando bravo, é ciúmes.
Quando manso, é amante.
Como podes ora ser um, ora ser outro?

Quando se ama não é só mansidão?
Vejo que a esse assunto nada compreendo.
Só compreendo a minha velha companheira, a solidão.
Ela que arrasa, mas que a mim também consola. E o vento mais uma vez vem e me diz:
Ao menos a ela tem.

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