quinta-feira, 29 de março de 2012

O Topo



,Certa vez Ela lera, em algum livro, que o período de sofrimento é um processo de crescimento e este crescimento é o despertar da alma, uma real cura interior. Às vezes, ela sofria. Idealizava, sonhava e por vezes o sonho não passava de um devaneio, mas Ela acreditava nesse devaneio e gostava tanto da ideia que o queria tornar realidade. Mas era um devaneio... Ouvia isso de seus colegas, que não acreditavam que ela poderia tornar reais seus sonhos. Por vezes Ela quase era induzida a crer que eles tinham razão. Mas a vontade imensa de fazer a diferença tomava conta de sua alma. Sofria, é bem verdade, mas não desistia. Arregaçava as mangas e partia para a luta. Imaginava-se lutando com um ser superior, alto, forte; bem mais forte que Ela, feroz, sem coração... Porém Ela não desistia. Notava que o fato de Ela ser pequena, aparentemente frágil gerava uma possibilidade de’la se desviar dos socos, das ofensas, dos chutes... Ela entrava onde o tal ser alto, forte e feroz não conseguia. Ela passava por ele, por debaixo de suas imensas pernas. E o tal ser aos poucos se cansava. Já não tinha forças para lutar contra os desejos e sonhos daquela criatura que parecia frágil, mas não o era. Não importava o quão grande ele fosse, não importava o quão forte, feroz, aterrorizador ele fosse, Ela daria um jeito de contorná-lo, de ultrapassar todas as barreiras impostas por ele e tentar, ao menos, realizar seu desejo. Gostava de recitar outras palavras que lera em uma novela de cavalaria, “Quando o coração quer, todos os perigos são desprezados”. E Ela queria. Queria realizar seu mais ardente desejo, seu sonho mais difícil, aos olhos dos outros, de ser realizado. No entanto, lutara contra o mais aterrorizador dos seres, quem mais poderia detê-la? Fez-se frágil por fora, mas só Deus sabe a Guerreira que Ela é por dentro. O desejo, o sonho, a vontade são degraus para o crescimento e ela sabia disso, mas também sabia que teria que enfrentar muitos seres, ainda, no subir de cada degrau. A realização, a felicidade, o bem alcançado era o topo, o topo da escada que ela teria que construir. Não estava pronto. A escada não estava ali para que ela apenas subisse. Ela teria que construir sua própria escada, degrau por degrau. Não aceitava que os outros dissessem a ela que ficasse onde já estava. Ela queria mais. Dizia que não enfrentara tudo para ficar encostada ali. Embora fosse difícil, embora tivesse que enfrentar algo mais que ela desconhecia, iria ela chegar ao topo, pois não fora feita para ficar na base, não fora feita para ficar recostada nos primeiros degraus de sua escada. Queria o topo. Ah sim! O topo era sua meta. De lá teria toda a visão. Veria o mundo como ele realmente é. De lá chamaria os demais – Venham! Venham ver a beleza do mundo. Venham ver o sol raiar, a lua brilhar; venham sentir o vento perfumado (o mais puro que se pode sentir), venham ver os jardins mais belos onde as flores estão sempre encantando e perfumando. – Queria ir e com Ela Levar todos.
A.R. MORAES

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